Mercado de games no Brasil cresce e surpreende o comércio mundial da área

A partir da década de 90, os videogames passaram a ser comuns em casas pelo mundo todo. Dificilmente encontraremos consumidores sem um tipo de console, seja ele da geração atual ou antigo. Apesar das diferenças de classes sociais e de crises econômicas que países enfrentam, o mercado de games continua crescendo e atingindo patamares que ninguém imaginava, somente as produtoras que a cada ano apostam em mais tecnologias para essa área.

Mercado de games no Brasil cresce e surpreende o comércio mundial da área (Foto: Resident Evil/Divulgação)
Por ano, os games movimentam US$ 66 bilhões no mundo e o Brasil contribui com US$ 1 bilhão. Além disso, entre 2009 e 2014, as vendas de games online cresceram 256% e as de jogos mobile, 780%. Um fator que tem colaborado para esse crescimento nas vendas é a 8ª geração de videogames, que corresponde a 64% do faturamento do mercado brasileiro de jogos de videogame, de acordo com a GfK, empresa que monitora vendas reais de games.

Entretanto, em 2016, o comércio total de games fechou 2016 com retração de 16,6% em volumes de unidades vendidas na comparação com 2015. Essa diminuição pode ser explicada pelo aumento do preço médio dos produtos, de 7,1% durante o ano.

No Brasil, apesar da crise econômica, o mercado de games segue em expansão. No entanto, ainda é pouco utilizado por marcas e fabricantes. Contudo, isso não dificultou o crescimento da área, que hoje conta com a Associação Brasileira de Games (AbraGames) e a Associação Comercial, Industrial e Cultural dos Jogos Eletrônicos no Brasil (Acigames).

Para falar sobre esse assunto, o blog World Games entrevistou o gestor comercial e relações públicas Maksym Carão, que pretende futuramente abrir um estabelecimento de jogos de videogames e consoles. Confira a entrevista abaixo:

World Games: O que te fez pretender começar no comércio de games?

Maksym Carão: Bom, eu acho assim, que para começar um negócio você tem que entender do assunto. Então, basicamente, mexer com jogos e videogames, primeiro que é uma paixão para mim, é algo que eu curto demais, é um hobby, que eu acho que além disso tudo, enxergar o crescimento desse mercado nos últimos tempos no nosso país e também a falta de opções em Ribeirão Preto, de números legais de lojas, tem algumas muito interessantes, mas acredito que o número delas com pessoal especializado seja algo ainda muito pequeno para a demanda e o tamanho da cidade. Então, o que me fez pensar em abrir um negócio nesse sentido é, realmente, unir o conhecimento, porque eu posso afirmar que depois do Atari eu tive todas as gerações de videogames, e associado com o meu hobby, com prazer e amor que eu tenho por isso, e também, um mercado que está crescendo muito, a demanda é muito grande e as possibilidades são muitos pequenas para o tamanho da nossa cidade.

World Games: Você espera que esse comércio tenha sucesso? Se sim, de que forma pretende fazer para que isso aconteça?

Maksym Carão: Sim, eu tenho absoluta certeza que vai ser um sucesso. Primeiro, associar algumas outras ideias paralelas para atrair esse público até o comércio. Algo inovador, que não tem em Ribeirão Preto, que eu vou falar futuramente sobre isso em uma outra oportunidade. Talvez até quando eu tenha lançado, mas não só uma loja de videogames, de jogos e tudo mais. Algo a mais, algo que não tem em Ribeirão Preto, para atrair de forma diferenciada esse público: o geek, o nerd, o que gosta de mangá, de estar fazendo cosplay. Enfim, eu tenho certeza que vai ser um sucesso. E a forma de isso ser um sucesso é trazer as pessoas para dentro desse comércio. Primeiro com um marketing bastante agressivo e direcionado para o público certo, depois um ambiente agradável, um lugar legal, onde as pessoas tenham segurança para frequentar, comprar, onde tenham uma boa assistência técnica. Enfim, para que todo mundo sinta-se bem estando no local, mas também seguro, bem assessorado e tudo mais. Quando eu falo focar em um público direcionado no mercado de videogames é até difícil. Eu mesmo fiz uma pesquisa no Facebook, faz mais ou menos um mês, perguntando de qual geração as pessoas faziam parte, e para a minha surpresa, 30% das pessoas eram da década de 90. Outros 25% eram jogadores mais recentes. Acredito eu que de 10 anos para cá. Todo restante era misturado na década de 70, finalzinho do telejogo, Atari, anos 80, Super Nintendo… então, é difícil hoje. Eu mesmo vou ser avô daqui a pouco e continuo jogando videogame e apaixonado pelo assunto. Então, acho que atende todo público. Focar no público adequado é focar em quem gosta, em quem ama e quem tem esse mesmo hobby.

World Games: Que público você acredita que predominará na sua loja?

Maksym Carão: Eu acredito que o público que predominará no estabelecimento, é obviamente, o público interessado nesse tipo de produto e das outras possibilidades que eu vou estar oferecendo, que eu falei que vou citar posteriormente sobre ideia, talvez até quando eu tiver inaugurado, mas eu acredito que o público que vai predominar é o público que se interessa pelo assunto. Não só do videogame, mas da cultura que envolve ele, da história e de todas as ramificações que envolvem. A maioria dos cosplay hoje são de personagens de videogames, mais de 80%, eu li algo há um tempo atrás. Os outros 20% dos cosplay são personagens de mangás, cinema e tudo mais, mas a grande maioria vem de personagens de videogames. Não só isso, a própria cultura nerd e acessórios, roupas. Eu acho que é esse tipo de público que vai estar frequentando esse estabelecimento.

World Games: Você já fez pesquisa de games mais jogados? Se sim, quais você espera que venda mais?

Maksym Carão: Sim, com certeza. Para dar certo um negócio tem que haver uma pesquisa, não só do produto, que é mais vendável, mas também do mercado que envolve todos os produtos que você está oferecendo. Você tem que entender o mercado, de que forma ele reage, quais são as melhores épocas do ano, quando que se vende mais, quando o mercado de games fica mais movimentado: é na E3, é na Brasil Game Show, ou não, é no último trimestre do ano quando lançam de fato os jogos mais interessantes, no caso de uma plataforma e da outra plataforma lança mais no início do ano. Então, a gente tem que entender um pouco do mercado. Eu acredito que hoje as três plataformas que brigam pelo mercado, que são a Microsoft, com o Xbox, a Sony, com o PlayStation, e a Nintendo, com o Switch, acredito eu que são os produtos que mais vendem. Talvez, com o lançamento do Xbox One X, a Microsoft vem assumir o mercado. Não sou fanboy, eu já tive todos, mas acredito que o lançamento desse novo videogame, poderoso da forma que ele é, está atraindo um marketing diferenciado e a grande parte da mídia sempre malhou o Xbox, e agora não está tendo como falar mal, mas eu acredito muito no poder da Sony de investimento. Então, não creio que ela vai deixar isso barato por muito tempo. E acredito muito no Switch, que vem correndo por fora também. Vem despontando como um dos games mais vendidos do segundo semestre e vem fazendo lançamento de jogos de muito peso e com muita qualidade, como foi o caso do Mario Odyssey, que já vendeu milhões de cópias em uma e duas semanas. Então, a pesquisa de mercado ela deve existir em todos os segmentos.

World Games: Apesar da crise no mercado de jogos no mundo, o Brasil vem em uma crescente. A
que você atribuiu nesse cenário?

Maksym Carão: Sem dúvida o mercado do Brasil vem crescendo drasticamente na questão de games. Eu acho que no restante do mundo, quando se fala de queda, eu não acredito muito em queda, eu creio que muitos jogadores nos países de primeiro mundo, que é mais barato construir, montar um PC Gamer, acabaram migrando das plataformas, dos videogames para o PC Game. Então, acredito que não foi uma queda, a internet e o Youtube contribuem para que as pessoas vão se desgarrando um pouco dos videogames. Aqueles que são apaixonados como nós acabam ficando, mas eu acredito que no resto do mundo é isso. No Brasil, eu acho que a falta de entretenimento mesmo de cultura, cultura que eu digo é de opções culturais de um modo geral, faz que as pessoas busquem, tragam esse entretenimento para dentro de casa. Eu lembro como se fosse hoje, na década de 80 quando eu ganhei o meu Atari, minha avó me batendo para que eu desligasse o videogame e fosse andar de bicicleta, jogar bola, brincar de bétis juntos com os amigos, e a gente fazia de fato. Tinha uma hora para brincar de videogame por dia. Hoje, os pais preferem que os filhos não vão para as rua. Essa onda de violência, de maldade, dos jovens se perdendo por aí, faz com que os pais prefiram que os filhos, as suas crianças fiquem dentro de casa, que seja jogando videogame, assistindo Youtube. Acredito que esse seja o fator primordial do crescimento no nosso país. As pessoas trabalham, melhorou a vida de muitas pessoas com o emprego e tudo mais, então ficou mais fácil comprar um videogame, mais fácil uma vez por mês ou a cada dois meses comprar um jogo, e com isso, vai mantendo o controle do seu filho dentro de casa.

World Games: O que você espera do mercado de jogos de videogames no futuro?

Maksym Carão: É uma incógnita saber o que nos reserva o futuros dos games. Acredito  que vai chegar um momento que a tecnologia vai acabar ficando um pouco estagnada. Eu não sei nem explicar. Com esse lançamento do Xbox One X, o poder de processamento dele e de alguns testes que eu acompanhei, e sabendo que a Sony não vai deixar barato e vai lançar algo que se equipare, até que ponto vai ficar realista ou não esses jogos, até que ponto o mercado vai continuar exigindo gráficos cada vez melhores ou versus jogabilidade, diversão e entretenimento? Eu por exemplo, nunca liguei para jogos realísticos. Prefiro um jogo que seja bom, que tenha história, enredo, um bom roteiro, que tenha um porque de você chegar no final da história. Então, até que ponto no futuro vai chegar isso? Nós vimos vários investimentos, como o Kinect não deu certo, e o VR, que na minha opinião está morrendo. As pessoas não estão querendo muito a realidade. É espetacular jogar com o óculos VR, mas e aí, até que ponto as pessoas querem essa realidade ou não? Então, eu acredito muito que nós vamos dar uma estagnada na questão do avanço de gráficos, até atingir o máximo do poder do que as produtoras lançarem jogos em cima do poder do Xbox One X e do que vem pela frente, talvez pela Sony, e vai ser investido muito mais nesse qualidade de história e tudo mais. Na minha opinião o futuro é muito tudo isso daí.

Nenhum comentário